Além de intensificar a violência armada em Narandiba, traficantes da facção do Comando Vermelho (CV) estão expulsando moradores de suas casas no bairro. De acordo com fontes da polícia que atuam no bairro, ao menos 30 famílias precisaram deixar suas residências após ordens de integrantes do grupo criminoso. As vítimas viviam na localidade de Ubatã, localidade do bairro que é usada como uma ‘central’ da facção, onde estão armas, drogas e esconderijos dos integrantes.
Ubatã é uma localidade que é circulada pela Avenida Edgard Santos, via principal do bairro. No local, moradores passam por restrições de circulação quando há tiroteios e precisam seguir à risca o que ditado pelos traficantes. “Não é só medo de tiroteio. Tem 30 famílias daqui que foram tiradas das suas casas, mesmo sem ter por onde ir, por não seguirem as determinações deles. Alguns foram tirados simplesmente por morar em residências que são estratégicas para eles. Se você entra, vê que tem várias casas vazias. O CV se impõe pelo medo e, se você não abaixa a cabeça, morre ou perde a casa”, relata um policial, que prefere não se identificar.
A reportagem tentou ouvir moradores nas imediações da localidade, mas a maioria preferiu não comentar as ações de expulsão por parte do CV. Como justificativa, informaram que há olheiros por toda a localidade e uma das regras impostas pelo grupo criminoso é não fornecer informações para polícia ou imprensa.
A central do CV em Narandiba fica a cerca de 200 metros da 23º Companhia Independente da Polícia Militar da Bahia (CIPM), que faz o policiamento ostensivo na área e chegou a prender seis integrantes do grupo na quarta-feira (13). Os seis fizeram dois idosos de reféns após serem cercados e perseguidos pelos becos do bairro por agentes da 23º.
O acesso ao resto dos integrantes, no entanto, é complicado pela característica do local onde os criminosos permanecem. “Ubatã está perto da avenida principal e perto da polícia, mas não é um local em que se realiza rondas e ações de maneira simples. Apesar de estar do lado da Edgard Santos, é formada, principalmente, por becos e vielas que só os traficantes conhecem porque, muitas vezes, nascem e se criam no bairro. Toda vez que há batida, se apreende drogas e armas. Porém, para pegar eles, é mais complicado”, explica o policial, detalhando que os traficantes têm tempo de fugir por conta dos olheiros e a dificuldade para entrar na localidade.
Uma prova do nível de apreensões é o material encontrado pela polícia com os seis presos na ocorrência com reféns. Foram encontrados uma pistola calibre 380 com carregador, munições e porções de maconha, crack e cocaína, além de dinheiro em espécie e uma balança de precisão. Entretanto, nenhum dos suspeitos é considerado uma liderança da facção.
Fonte: Correio