O capitão Grunfeld, da Polícia Militar da Bahia, voltou a ser preso nesta quinta-feira (11) durante uma nova fase da investigação que apura seu envolvimento com uma organização criminosa especializada no comércio ilegal de armas. Segundo o Ministério Público e a Polícia Civil, o grupo é suspeito de movimentar quase R$ 10 milhões entre 2021 e 2023, período em que o oficial atuaria como negociador.

As autoridades afirmam ainda que Grunfeld responde a um inquérito por homicídio doloso ocorrido em 2013, durante uma ronda em Santa Cruz Cabrália, no litoral sul do estado.
Prisão restabelecida
A primeira prisão preventiva do capitão havia sido revogada, mas, em julho do ano passado, o Ministério Público ingressou com novo recurso argumentando que as condições que justificaram a detenção inicial “não haviam mudado”. A Justiça acatou o pedido e restabeleceu o mandado de prisão, que agora foi cumprido.
Apreensões e provas encontradas
Durante as diligências da Operação Fogo Amigo, os investigadores apreenderam:
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uma arma registrada em nome de terceiro;
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grande quantidade de munições de diversos calibres;
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documentos relacionados ao transporte de mercadorias;
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registros financeiros compatíveis com o comércio ilegal de armamentos.
Citação na Operação Skywelker
O nome do capitão voltou a surgir este ano na Operação Skywelker, do Ministério Público da Bahia, que apura a atuação do Comando Vermelho (CV) em Feira de Santana. Embora Grunfeld não esteja entre os 32 denunciados em 28 de junho, ele foi citado por supostamente ter recebido uma “quantia expressiva” da proprietária de uma empresa de limpeza utilizada para lavagem de dinheiro da facção.
O que diz a Polícia Militar
Em nota divulgada nesta quinta-feira, a PM informou que a Corregedoria cumpriu o mandado de prisão para aprofundar as investigações sobre “eventual envolvimento do militar em crimes tipificados na Lei de Drogas”.
A corporação reforçou ainda manter “compromisso permanente com a legalidade, a disciplina institucional e a ética profissional”.
Megaoperação em seis estados
A ação que levou à nova prisão do capitão ocorre simultaneamente na Bahia e em outros cinco estados: Sergipe, Espírito Santo, São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco.
Ao todo, 39 pessoas foram presas. Cerca de 400 agentes participam da operação, coordenada pelo Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic) e apoiada pela Polícia Militar, Polícia Federal e Departamento de Polícia Técnica (DPT).
Segundo a Polícia Civil, estão sendo cumpridos mais de 90 mandados judiciais contra integrantes dos setores operacional, logístico e financeiro da organização criminosa. A Justiça também determinou o bloqueio de R$ 100 milhões e o sequestro de bens.
Em comunicado, a corporação detalhou:
“A investigação identificou uma complexa associação criminosa responsável pelo abastecimento e preparação de entorpecentes, além da utilização de pessoas físicas e jurídicas para dissimular a origem ilícita dos valores.”
