O delegado da Polícia Civil Gilmar Nogueira, investigado por envolvimento nas mortes de oito pessoas após uma abordagem policial, em julho de 2023, na cidade de Itatim, a cerca de 214 km de Salvador, foi prefeito do município em dois mandados seguidos: 2013 a 2020.

Gilmar Pereira Nogueira, conhecido como “Tingão”, tem 52 anos e nasceu em Santa Terezinha, distante 20 km de Itatim. Nas duas eleições que disputou, ele se candidatou pelo Partido Social Democrático (PSD).
Em 2012, de acordo com dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se declarou servidor público R$ 261.060 em bens. Já em 2016, quando conseguiu a reeleição, declarou R$ 407.489,52.
Em uma das redes sociais, Tingão é seguido por 14,2 mil pessoas. Lá, ele costuma fazer divulgações em apoio a atual prefeita de Itatim, Daiane Anjos (PSD). No São João deste ano, publicou vídeos de momentos com artistas como Léo Santana e Eduardo Costa, quando ambos se apresentaram na cidade.
‘Operação Sangue Oculto’
Tingão foi alvo de dois mandados de busca e apreensão na sexta-feira (11). Na ocasião, equipes do Ministério Público da Bahia (MP-BA) apreenderam um celular e dispositivos eletrônicos em duas casas do delegado, nas cidades de Itatim e Itaberaba.
A ação fez parte da segunda fase da “Operação Sangue Oculto”. Nas redes sociais, Gilmar postou um vídeo em que disse que está “tranquilo” diante das acusações, que “tudo será esclarecido” e que vai provar que “agiu dentro da estrita legalidade”.
Em junho do ano passado, o MP-BA apontou fortes indícios que as vítimas foram executadas e que havia indicação de que a cena do crime teria sido alterada pelos policiais militares.
Os mortos foram duas mulheres, três homens e três adolescentes – a vítima mais nova tinha apenas 13 anos.
Na época, a Justiça determinou o afastamento dos agentes que participaram da ação e o Ministério Público apreendeu celulares, documentos e armas, em Salvador, Feira de Santana, Itaberaba, Iaçu e Castro Alves.
A operação “Sangue Oculto” é um desdobramento da investigação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp), sobre a abordagem feita por policiais militares da Rondesp Chapada na localidade do Morro do Tigre, em Itatim, no dia 30 de julho de 2023.
Conforme o Ministério Público, o caso foi tratado como uma abordagem policial com suposto confronto e troca de tiros entre as vítimas e os policiais envolvidos, mas as provas técnicas e periciais colhidas durante a investigação revelaram os indícios.
G1 Bahia
