Morto no domingo (30) após invadir a jaula de uma leoa no Parque Arruda Câmara, em João Pessoa (PB), o jovem Gerson de Melo Machado, de 19 anos, teve uma trajetória marcada por abandono, vulnerabilidades sociais e dificuldades de saúde mental.

Desde a infância, ele alimentava o sonho de viajar para a África para “domar leões”, fantasia que o acompanhou durante toda a vida.
A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou o jovem por anos, relatou que Gerson cresceu sem apoio familiar, enfrentando pobreza extrema e violações de direitos. Ele chegou ao Conselho Tutelar aos 10 anos, após ser encontrado caminhando sozinho em uma rodovia, e permaneceu na rede de proteção da infância. Mesmo assim, fugia do abrigo para procurar a mãe e a avó, ambas sem condições de cuidar dele.
Gerson também manifestava desde cedo o desejo de “domar leões”, chegando a tentar embarcar clandestinamente em um avião. Segundo Verônica, sua morte reflete a falta de suporte adequado ao longo da vida.
O jovem acumulava registros policiais desde a adolescência e recebeu diagnóstico formal de transtorno mental apenas quando entrou no sistema socioeducativo. Ele havia sido liberado da prisão dois dias antes do ocorrido.
De acordo com a Prefeitura, Gerson escalou um muro, ultrapassou barreiras de segurança e entrou no recinto da leoa, sendo atacado logo em seguida. O parque foi fechado após o incidente, e as visitas seguem suspensas. Para Verônica, o caso simboliza o desfecho trágico de uma vida marcada pela ausência de cuidados essenciais.
A Prefeitura informou que uma equipe técnica do parque está revisando todos os protocolos de segurança, com a possibilidade de reforçar muros, grades e sistemas de vigilância. A administração também estuda medidas adicionais para evitar novas invasões e melhorar o monitoramento de áreas sensíveis.
Especialistas em comportamento animal e segurança de zoológicos ouvidos pela imprensa destacaram que grandes felinos reagem instintivamente a qualquer aproximação inesperada. Segundo eles, mesmo animais criados em cativeiro mantêm comportamentos de caça, o que torna qualquer invasão extremamente perigosa.
Fonte: Correio
