Nesta quarta-feira (14), autoridades indianas informaram que testaram 706 pessoas, incluindo 153 trabalhadores de saúde, para verificar a propagação do mortal vírus Nipah. Especialistas também coletaram amostras de fluidos de morcegos e árvores frutíferas no estado de Kerala, no sul da Índia.
Após a confirmação de cinco casos do vírus, para o qual ainda não existe vacina, escolas e escritórios foram fechados no estado. Até agora, duas pessoas morreram.
O que é o Nipah
Este é o quarto surto do vírus em Kerala desde 2018. O primeiro surto de Nipah em Kerala matou 21 dos 23 infectados, enquanto os surtos subsequentes em 2019 e 2021 mataram duas pessoas.
O Nipah (NiV) é um vírus zoonótico (é transmitido de animais para humanos) e pode ser transmitido por alimentos contaminados ou diretamente entre pessoas.
Os morcegos que comem frutas são os principais reservatórios do vírus. O primeiro surto aconteceu na Malásia, onde homens pegaram o vírus de porcos, outra possível espécie hospedeira, considerada secundária em relação aos morcegos.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), acredita-se que o período de incubação (intervalo desde a infecção até o início dos sintomas) varie de 4 a 14 dias. No entanto, um período de incubação de até 45 dias foi relatado.
Sintomas
Em pessoas infectadas o vírus pode causar encefalite (inflamação no cérebro) muito grave, com alto índice de letalidade. O sistema nervoso central é afetado, causando alteração nível de consciência, convulsão, febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Além disso, quadros de pneumonia podem surgir.
Os sinais e sintomas iniciais da infecção pelo vírus Nipah são inespecíficos e o diagnóstico geralmente não é suspeito no momento da apresentação. Isso pode dificultar o diagnóstico preciso e criar desafios na detecção de surtos, medidas eficazes e oportunas de controle de infecção e atividades de resposta a surtos.
Além disso, a qualidade, quantidade, tipo, tempo de coleta de amostra clínica e o tempo necessário para transferir as amostras para o laboratório podem afetar a precisão dos resultados laboratoriais.
Segundo a OMS, a infecção pelo vírus Nipah pode ser diagnosticada com história clínica durante a fase aguda e de convalescença da doença. Os principais testes utilizados são a reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR) de fluidos corporais e a detecção de anticorpos por ensaio imunoenzimático (ELISA).
Outros testes usados incluem ensaio de reação em cadeia da polimerase (PCR) e isolamento do vírus por cultura de células.
Tratamento
Não há tratamentos específicos para o vírus —sejam vacinas para impedir a contaminação ou drogas que melhorem o quadro.
Para os doentes, o protocolo é controlar os sintomas como a convulsão, a pneumonia. Alguns antivirais foram usados como suporte nos surtos, mas ainda não há estudos robustos que comprovem a eficácia.
É possível a chegada do vírus ao Brasil?
Esse é um vírus que geograficamente está restrito às áreas onde os casos já foram identificados, na Malásia, Indonésia e Índia. Especialistas dizem que não há preocupação de que chegue às áreas urbanas, a não ser que a evolução de contaminação entre humanos tome grandes proporções.
Nesta semana, amostras de urina de morcego, excrementos de animais e restos de frutas foram coletados em Maruthonkara, o vilarejo onde vivia a primeira vítima, situada ao lado de uma floresta de 121 hectares que abriga várias espécies de morcegos.
Os morcegos frugívoros da região testaram positivo para o Nipah durante um surto de 2018. O vírus foi identificado pela primeira vez em 1999 entre criadores de suínos e outras pessoas em contato próximo com os animais na Malásia e em Cingapura.
Fonte: UOL / Viva Bem | Foto: Stringer/Reuters