O número de acidentes envolvendo escorpiões continua aumentando em todo o país. Dados do Ministério da Saúde mostram que, até setembro deste ano, já foram registrados 126.637 casos, com 148 mortes confirmadas.

Cenário nacional e estados mais afetados
São Paulo lidera o ranking com 28 mil ocorrências apenas em 2025. Em seguida aparecem Minas Gerais, com 21 mil casos, e Bahia, com 12 mil registros. Na capital paulista, o avanço é expressivo: em julho de 2024 foram contabilizados 2.639 casos; em 2025, o número subiu para 3.359 — um aumento de 27,3%.
O Radar Whitebook, ferramenta da Afya que utiliza inteligência artificial para monitorar tendências em saúde, registrou em setembro um aumento de 300% na busca por informações sobre picada de escorpião preto em comparação a julho e agosto.
Um estudo publicado na revista científica Frontiers in Public Health aponta que as notificações de picadas cresceram 150% entre 2014 e 2023, caracterizando uma “epidemia silenciosa” impulsionada por fatores ambientais, sociais e biológicos.
Por que os casos aumentam?
Terrenos abandonados, acúmulo de madeira e entulho, frestas em muros e locais com pouca higiene favorecem a proliferação dos escorpiões. Nesta época do ano, o risco se intensifica, alerta Dayanna Palmer, especialista médica da Afya.
“A atenção deve ser ainda maior com crianças e idosos, mais vulneráveis ao veneno do escorpião. Em caso de picada, é fundamental procurar atendimento imediatamente”, reforça a especialista.
Crianças: maior risco
O veneno age de forma mais intensa em crianças, especialmente nas menores de 5 anos. Muitas vezes, elas não conseguem relatar o que aconteceu, o que atrasa o diagnóstico. A dermatologista pediátrica Flavia Prevedello, do Hospital Pequeno Príncipe, explica:
“Em crianças pequenas, a dor é desproporcional ao tamanho da lesão. A picada costuma ser única e extremamente dolorosa.”
Sintomas da picada
Locais mais atingidos: dedos, mãos, pés e tornozelos.
Sintomas locais: dor intensa e imediata, vermelhidão e inchaço leve.
Sintomas sistêmicos (graves): agitação, salivação excessiva, tremores, espasmos, taquicardia e dificuldade para respirar. Esses sinais indicam disseminação do veneno e exigem atendimento imediato.
O que fazer em caso de picada
De acordo com Dayanna Palmer, é importante:
Lavar o local com água e sabão
Manter o membro afetado em repouso
Procurar atendimento médico imediatamente
Evitar métodos caseiros
O médico avaliará a gravidade do quadro e, se necessário, administrará o soro antiescorpiônico.
O que NÃO fazer
❌ Não espremer ou sugar o local da picada
❌ Não fazer torniquete
❌ Não aplicar álcool, óleo, pomadas ou substâncias caseiras
❌ Não se automedicar
Até chegar ao hospital, a única medida segura é aplicar compressa fria para aliviar a dor.
Como suspeitar da picada (mesmo sem ver o escorpião)
Dor súbita e intensa
Lesão única
Suor excessivo, vômitos, tremores ou agitação
Ocorrência em ambientes com risco (entulho, roupas no chão, frestas, etc.)
Prevenção
Manter quintais e ambientes livres de entulhos
Vedar ralos, frestas e buracos
Guardar roupas e calçados em locais fechados
Sacudir roupas, toalhas e sapatos antes de usar
Evitar acúmulo de lixo e folhas
Manter camas e berços afastados de paredes
Usar calçados fechados
“Boa higiene e organização são essenciais para evitar a presença de insetos e, consequentemente, dos escorpiões que se alimentam deles”, afirma Prevedello.
Contatos de emergência
SAMU: 192
Bombeiros: 193
CIATox (informações toxicológicas): 0800 644 6774
Fonte: O Globo
