O Brasil se declarou livre de gripe aviária na tarde desta quarta-feira (18), após ficar 28 dias sem registrar novos casos em granjas, informou o Ministério da Agricultura.
O prazo começou a ser contado em 22 de maio, depois do fim da desinfecção da granja de Montenegro (RS), onde houve o primeiro e único foco da doença em aves comerciais no Brasil, em maio.
O governo comunicou o novo status à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e está notificando os países que compram frango brasileiro.
O marco é importante para que o Brasil possa normalizar as vendas no exterior, que foram alvo de embargos totais ou parciais por cerca de 80 países, desde o caso no Rio Grande do Sul.
Agora, o governo espera que esses compradores retirem os bloqueios ou reduzam a área restrita. Mas isso não deve acontecer de forma imediata.
Horas depois de oficializar que o Brasil estava livre da gripe aviária, o Ministério da Agricultura divulgou que a África do Sul reduziu a área de embargo, que antes era para todo o país, e agora se limita ao Rio Grande do Sul.
O g1 procurou o governo para saber se a mudança tem relação com o fim do prazo de 28 dias ou já tinha sido definida antes pelo país africano.
“Não se comemora uma crise, mas é preciso reconhecer a robustez do nosso sistema sanitário, que respondeu com total transparência e eficiência”, afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, nesta quarta.
“Seguimos todos os protocolos, contivemos o foco e agora avançamos com responsabilidade para uma retomada gradativa do comércio exterior, mostrando a força do serviço sanitário brasileiro”, acrescentou.
Os bloqueios são feitos para evitar a contaminação de granjas em outros países com material contaminado do Brasil, ainda que esta seja uma possibilidade remota.
A gripe aviária não é transmitida pelo consumo de carne de aves e ovos, reitera o Ministério da Agricultura. O Brasil nunca teve um caso de gripe aviária em humanos.
Por que 28 dias?
No dia seguinte ao término do processo de desinfecção em Montenegro, começou a correr um prazo de 28 dias, chamado de vazio sanitário.
Para se declarar livre da gripe aviária, o Brasil não podia registrar novos casos em granjas neste período, seguindo regra estabelecida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Segundo o governo, os 28 dias são um tempo essencial para garantir que não haja vestígios do vírus no ambiente antes da retomada das atividades.
Suspeitas descartadas
Antes do caso de Montenegro, registrado em 15 de maio, o país só havia tido casos da doença em aves silvestres e domésticas, que têm pouco efeito sobre as exportações.
Até a última terça, a restrição valia apenas para Montenegro ; agora, o país inclui mais duas cidades, uma em Goiás e outra no Mato Grosso.
O governo divulga os casos confirmados, descartados e as suspeitas de gripe aviária em uma página atualizada três vezes ao dia. Até a tarde desta quarta-feira, 11 investigações estavam em andamento, nenhuma em granja.
Desde o caso em Montenegro, o ministério investigou seis suspeitas em granjas comerciais e todas foram descartadas. Elas ocorreram em Ipumirim (SC), Aguiarnópolis (TO), Bom Despacho (MG), Anta Gorda (RS), União da Serra (RS) e Westfalia (RS).
Esta última envolveu um frigorífico que recebeu aves vindas de uma granja de Teotônia (RS) com sintomas que poderiam estar ligados ao vírus H5N1, causador da doença.
Mas tanto as suspeitas no frigorífico de Westfalia quanto na granja de Teotônia acabaram descartadas.
Além de Montenegro, o Brasil teve outros casos confirmados de gripe aviária nos últimos meses, em aves silvestres ou em criações domésticas. Um deles foi no zoológico de Brasília.
Como ficam os embargos
Cumprido o prazo sem novos focos de gripe aviária em criações comerciais, cada país que colocou algum embargo ao Brasil poderá reavaliar a situação — e não existe um prazo para isso.
G1