A carne de frango é um dos principais produtos da agroindústria brasileira. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), somos o segundo maior produtor e o maior exportador de frango do mundo. Em 2022, foram produzidas 14,5 milhões de toneladas, com grande parte da quantia enviada para os Estados Unidos, China, União Europeia e Rússia.
Além de grandes produtores, também somos grandes consumidores. Segundo a ABPA, cada brasileiro come, em média, 45,2 quilos da carne de frango por ano. Por essa popularidade, é natural que as pessoas se preocupem com a temática.
É assim que vários mitos sobre o alimento surgiram. A proteína ajuda a emagrecer? A produção envolve o uso de hormônios? Os antibióticos dados às aves fazem mal para a saúde humana? Quantos corações tem cada galinha? Chegou a hora de descobrir!
5 mitos e verdades sobre a carne de frango:
Galinha tem mais de um coração?
MITO. Esse mito é, na verdade, uma brincadeira muito comum nos churrascos. A conta parece não bater: cada espeto tem dezenas de coraçõezinhos de frango, e não comemos o mesmo número de frangos inteiros!
Trata-se de simples matemática. Segundo a ABPA, o brasileiro é tão fã do coração de frango que toda a produção é destinada ao consumo interno. Em 2022, foram abatidos 5,6 bilhões de frangos. Uma vez que cada ave tem, sim, só um coração, isso dá cerca de 26 coraçõezinhos para cada pessoa por ano.
De acordo com a ABPA praticamente todas as partes do frango são utilizadas. Miúdos, por exemplo, vão para a produção de embutidos. Cartilagem, ossos moídos, cabeça e pés tornam-se ingredientes de ração para animais de estimação.
Frango tem hormônio?
MITO. Essa é um dos mitos mais comuns envolvendo frango. Muitas pessoas se questionam como as aves se desenvolvem tão rapidamente. A resposta está na seleção genética, sanidade e nutrição, de acordo com o professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo João Palermo Neto.
“Além disso, seria inviável usar hormônios de crescimento, uma vez que eles demoram cerca de 60 dias para começar a agir no organismo da ave, enquanto seu abate é feito em cerca de 42 dias”, esclarece.
A zootecnista Gisele Neri, gerente de marketing na Kemin, empresa especializada em ingredientes para nutrição animal, completa: “Além disso, a administração desse hormônio envolveria uma dose injetável diária, o que seria impraticável em uma produção avícola em larga escala.”
Além do mais, a legislação proíbe a adição de hormônios em alimentos para animais, de acordo com o Decreto n° 76.986/1976 e a Instrução Normativa Nº 17/2004, ambos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA);
Carne de frango faz bem para a saúde?
VERDADE. Segundo a ABPA, a carne de frango é rica em vitaminas e minerais, incluindo a vitamina B3, que age a favor do HDL, o colesterol bom. Além disso, suas proteínas ajudam na formação do material genético e no desenvolvimento dos músculos.
Já as vitaminas do complexo B auxiliam na renovação das células e na manutenção da barreira natural da pele. Por fim, a carne de frango, em especial os cortes do peito, são aliados da dieta e do emagrecimento.
“Tem baixo teor de gordura, é de fácil preparo e acessível a uma grande parcela da população”, completa a zootecnista.
Frango caipira é mais saudável?
MITO. Não há diferenças de teor nutricional entre o frango caipira e o frango de corte, esclarece a ABPA. O frango de corte é abatido entre 38 e 49 dias de vida. Já o frango caipira cresce mais lentamente e é abatido entre 80 e 140 dias.
Como o frango caipira é criado solto e gasta energia para sobreviver, isso aumenta o teor de fibras oxidativas na carne, deixando-a mais escura e um pouco mais dura.
Segundo Pedro Eduardo de Felício, consultor em Tecnologia de Produtos de Origem Animal e ex-professor da Faculdade de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas, os processos não interferem no teor de aminoácidos, minerais e vitaminas. “É uma questão de diferença de sabor, não de qualidade”.
Aplicação de antibióticos no frango é motivo de preocupação?
VERDADE. O gerente da Kemin explica que o uso de antibióticos em doses pequenas para prevenir doenças na produção de frangos tem sido questionado devido ao risco crescente de resistência bacteriana. Países como a França chegam a proibir a importação de carnes tratados com essa classe de medicamentos.
“É por isso que a cadeia de produção de proteína animal está buscando alternativas ao uso de antibióticos”, explica a zootecnista. Soluções como biossegurança, probióticos, óleos essenciais, prebióticos, imuno-moduladores e ácidos orgânicos prometem reduzir a necessidade de antibióticos na avicultura.
Alternativas também vem sendo estudadas por universidades. Uma delas é foi apresentada pela Universidade de São Paulo (USP), no Instituto de Química de São Paulo. O artigo provou a viabilidade do uso do extrato de lúpulo – mesma planta utilizada na fabricação da cerveja – como substituto dos antibióticos na alimentação das aves.
“Com esse trabalho, nós demonstramos a possibilidade de usar um extrato natural para substituir os promotores de crescimento, reduzindo barreiras de exportação e resíduos de antibióticos na carne”, disse a pesquisadora Larissa Chirino.
Fonte: Globo Rural