No início de outubro, uma reportagem do RJ1 sobre o projeto Afrotribo, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, mudou a vida de uma família. Uma das alunas da ONG foi reconhecida pelas irmãs que ela não via desde 1999. Nesta quinta-feira (19), o repórter Fábio Júdice mostrou o reencontro de Edna, Monique e Keli.
As duas primeiras são filhas, e a terceira é enteada do cearense Nauciro. Frutos de três casamentos diferentes, eram muito unidas, mas Edna acabou se afastando quando o pai morreu, há quase 25 anos.
“Eu acho que o elo que ligava eu e ela acho que era o nosso pai, e com o falecimento dele acabou esse elo, cortou esse elo. E a gente se distanciou. Eu sempre procurei ela nas redes sociais. Só que o nosso sobrenome é um sobrenome muito comum. Entrei em contato com detetives virtuais pra tentar encontrar e não achava”, conta a cabeleireira Monique dos Santos.
Edna conta que chegou a pensar em voltar no endereço antigo, mas que não teve coragem.
“Eu até imaginava que elas moravam no mesmo lugar, mas tinha medo de ir, entendeu? Pela situação, assim, não sabia como elas iam me receber”, diz, emocionada, a aluna da ONG Afrotribo.
No início de outubro, a autônoma Keli Carvalho juntou a sorte de estar assistindo à reportagem (veja imagem abaixo) com a vontade: “Eu estava sentada, assistindo, apareceu [a irmã, e aí eu reconheci. Na mesma hora, eu peguei o telefone, passei mensagem pra ela [Monique]: ‘Eu acho que encontrei a nossa irmã’”.
Keli entrou, então, em contato com a ONG. “Perguntei se era Edna o nome dela, se por acaso ela era filha do Nauciro e era uma irmã que a gente estava procurando há muitos anos.”
“Três segundos que ela falou na televisão, essa ONG mudou a minha vida. E não mudou só a minha vida. Agora mudou completamente a de mais gente, né? Minha, da minha irmã…”, diz Monique.
Edna era só emoção: “Um sonho… Eu estava esperando isso há muito tempo, um sonho”.
Abraços e lágrimas
O reencontro, registrado pelo RJ1, foi na quarta-feira (18). E, claro, sob muitas lágrimas e carinho.
“Ah, nós vamos ficar juntas. Toda semana nós vamos ficar juntas”, celebra Edna.
Keli concorda: “Juntar todo mundo, fazer aquele almoço em família”.
E Monique também: “Ah, eu estou realizada, tipo assim, é um peso que saiu e cima de mim, tipo assim. Eu pensava que ia morrer e não ia encontrar a minha irmã. Ou então descobrisse que a minha irmã estava morta”.
Procura-se Odila, a quarta irmã
Mas a festa ainda não está completa. Edna lembra que a família ainda sente a falta da quarta irmã, Odila, filha de Nauciro com uma quarta mulher.
“Morava em Caxias, agora não sei…”, diz Edna.
“Falta Odila!”, lembra Monique.
“Ah… Eu tenho uma esperança grande de ver todo mundo, juntar todo mundo, nossos irmãos, nossas irmãs, nossas lembranças… Agora eu vou esperar todo mundo!”, diz Keli.
Fonte: G1